Sinopse: O Nascimento de uma Nação conta a história de Nat Turner, que liderou uma rebelião dos escravos – tornando-se um dos atos mais influentes de resistência contra a escravidão nos Estados Unidos e que até hoje nunca havia sido contada. O longa mostra uma nova perspectiva sobre sua luta contra os donos de escravos em 1831 e oferece um retrato abrangente e humana do homem por trás da rebelião – homem movido pela fé e confiança.
O Nascimento de uma Nação é uma história de vingança que começa nos bastidores. Em 1915,O Nascimento de uma Nação, filme de D.W. Griffith, fez um estrondoso sucesso, acompanhando o conflito de duas famílias de ideais opostos durante a Guerra de Secessão (1861-1865), nos Estados Unidos.
O filme foi um enorme sucesso comercial, mas foi altamente criticado por retratar os afro-americanos (interpretados por atores brancos com as caras pintadas de negro) como ininteligentes e sexualmente agressivos em relação às mulheres brancas, e também por apresentar a Ku Klux Klan (cuja fundação original é dramatizada) como uma força heroica.
Os protestos contra O Nascimento de uma Nação foram generalizados e o filme acabou sendo banido de várias cidades. A queixa de que se tratava de um filme racista foi tão grande que inspirou D. W. Griffith a produzir Intolerância no ano seguinte.
Longa-metragem de estreia como diretor do ator Nate Parker, O Nascimento de uma Nação (2016) relata a história quase esquecida de Nat Turner, um escravo negro que liderou uma insurreição em 1831. Assim, é perfeita a apropriação de Parker desse título, realizando através da lembrança desse momento tão espinhoso quase que uma correção histórica.
Daí ser muito emblemático que o cineasta negro Nate Parker batize seu filme sobre uma revolta de escravos na primeira metade do século XIX com o mesmo título usado por Griffith, como que forçando a lembrança da abominável mensagem contida no clássico de 1915. Mas o novo O Nascimento de uma Nação é uma declaração política fortíssima que vai além do simbolismo dessa escolha.
Nate Parker não tem qualquer intenção de alcançar a importância estética do filme de Griffith, realizado num momento em que a linguagem do cinema narrativa ainda começava a se desenvolver. O diretor finca os pés mesmo na declaração política, e, nesse sentido, sua busca altamente pretensiosa pela analogia com um cânone é mais que justificável.
Parker promove um movimento de desconstrução da história oficial americana e de reconstrução de uma nova versão dela, calcada na violência absoluta contra grupos minoritários e na luta desses grupos, por vezes também violenta, pela liberdade.
O Nascimento de uma Nação se coloca, nesse sentido, ao lado de ao menos duas outras grandes obras que realizaram esforços semelhantes: O Portal do Paraíso (1980), de Michael Cimino, e Gangues de Nova York (2003), de Martin Scorsese. Não é gratuita, portanto, a referência de Parker, num momento em que opressores e oprimidos finalmente se enfrentam, a uma cena emblemática do poderoso filme de Scorsese.
Confira na integra o trailer:
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